Por Pe. John Flynn, LC
Foi publicado na
Inglaterra, no dia 16 de abril, o relatório final de uma investigação
Parlamentar sobre a Proteção Online da Criança. A conclusão é que o Internet
Service Provider (ISP) e o governo devem fazer mais para manter as crianças
seguras enquanto navegam na rede.
O parlamentar conservador
por trás do estudo, Claire Perry, pediu que provedores de Internet ofereçam
para os pais uma maneira simples de filtrar conteúdos de adultos.
“Nossa investigação
revelou que muitas crianças têm acesso fácil à pornografia através da Internet, bem como a sites que
mostram violência extrema ou promovem auto-mutilação e anorexia”, disse à BBC
no dia 18 de abril.
O relatório começa
elogiando os inúmeros benefícios da Internet, mas ao mesmo tempo, detecta a
presença de aspectos negativos, entre os quais o fato, sempre mais evidente, de
que a Internet tornou-se uma presença, always-on, ativa, fixa, em nossas vidas
.
Muitos na indústria da
Internet – observa o relatório – dizem que seria melhor instalar em cada um dos
computadores controles ou filtros, em vez de fazê-lo a nível de ISP, mas estes
dispositivos a nível de filtros têm limitações e muitos pais não os usam. O uso destes filtros
diminuiu 10% nos últimos três anos e quase seis em cada dez
crianças têm acesso ilimitado.
Uma pesquisa do 2008
constatou que o 27% dos meninos usa material pornográfico a cada semana. Outro
estudo descobriu que um quarto dos jovens tinha recebido e-mail pornô
indesejado ou mensagens instantâneas.
Antes da investigação
parlamentar, seja sondagens que testemunhos tinham expressado sérias
preocupações com a facilidade de acesso à pornografia e às imagens muitas
vezes violentas e degradantes disponíveis. Além disso, nos últimos tempos a
quantidade de conteúdo explícito tem aumentado significativamente.
Dessensibilização
Na pesquisa algumas
testemunhas disseram que o uso regular de pornografia insensibiliza as crianças
e os jovens para atos violentos ou sexualmente agressivos, reduzindo as
inibições, tornando-as mais vulneráveis aos abusos e à exploração. Além disso, a exposição
à pornografia leva os jovens desde muito cedo ao envolvimento sexual.
Em outros setores da
mídia, governo e indústria privada trabalham juntos para proteger as crianças,
através da criação de avaliações de filmes e normas de publicidade.
O relatório, também
lamentou o fato de que, com a Internet, qualquer proposta de regular os
conteúdos antes do ponto de entrega seja atacada como censura.
Em qualquer caso, algumas
medidas positivas foram tomadas, disse o relatório. De outubro deste ano, as
quatro principais ISPs britânicas decidiram implementar novos controles em que
o consumidor deve escolher ativamente se instala ou não o dispositivo de
filtros como parte do account no processo de inscrição.
Embora este seja um passo
na direção certa, o relatório apontou que nove em cada dez crianças vivem em
casas que já têm acesso à Internet e as empresas não têm planos detalhados para
oferecer esse filtro para clientes existentes.
Além disso, não protege
todos os dispositivos através dos quais pode-se acessar à rede. Os telefones
celulares, de fato, assim como os jogos, os tocadores portáteis de mídia e
e-reader, podem facilmente acessar a Internet e cada um destes dispositivos, em
uma casa, precisariam portanto de um próprio filtro.
Deve-se acrescentar
também o fato de que, sempre de acordo com o relatório, muitos pais têm
dificuldade para instalar os filtros e de mantê-los, e podem ser “superados em
astúcia” pelas crianças mais expertas na tecnologia.
A pesquisa também
descobriu que os aparelhos não são vendidos com configurações de segurança de
acesso ativadas como configurações padrão; os revendedores, além do mais, não
perguntam nunca se os computadores ou os aparelhos com acesso à internet que
estão vendendo, deverão ser utilizados por crianças e não fornecem informações
sobre as configurações de segurança.
Um novo sistema
“Uma nova abordagem é
necessária” afirma portanto o relatório. A proposta é de um sistema de opt-in,
através do qual os clientes poderão optar por receber conteúdo pornográfico,
preservando assim a escolha do consumidor, mas que fornece, ao mesmo tempo,
conteúdos “limpos” da Internet, de forma a proteger as crianças.
Este sistema já está em
vigor para telefones celulares na Grã-Bretanha: a maioria das empresas, de
fato, já bloqueou os conteúdos para adultos até a idade da verificação de
controle estabelecida pelo cliente, ou seja, mais de 18 anos.
Filtros de rede, que são
oferecidos por somente um provedor britânico, TalkTalk, protegem todos os
dispositivos que compartilham uma conexão com a Internet e melhoram a proteção
para as crianças.
Um único filtro de rede
aplica os filtros num nível de conta única, de modo que cada dispositivo
conectado a uma única conexão Internet está coberto pelas mesmas configurações.
Tais sistemas já estão em vigor em muitas empresas e nas escolas.
Nâo há evidências, afirma
em seguida o relatório, que um modelo de opt-in poderia diminuir a velocidade
da Internet e as principais objeções ao seu uso parecem ser apenas
“ideológicas”.
Outra forma de proteção
são os chamados whole-network filters, filtros de toda-rede, que excluem
conteúdo de todas as contas atendidas pelos provedores de internet. O relatório
disse no entanto que é preciso aprofundar e estudar ainda mais esta opção.
Outros tipos de medidas
têm sido recomendadas pelo relatório. Estas incluem a melhoria da educação em
segurança na Internet; a filtragem de redes públicas de Wi-Fi e uma nova
estrutura de regulamentação para os conteúdos online. É necessário ver se o
governo vai implementar as recomendações da investigação.
Fonte: Blog do
Carmadélio
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