Os Escritores Antigos e a Mãe de Jesus
Nós recebemos muitos escritos antigos, que falam de Maria sua missão
junto a Jesus Cristo, o Salvador, e ao povo de Deus. De acordo com o seu estilo
literário e sua visão cultural, os escritores antigos procuraram explicar aos
fiéis verdades profundas do mistério da Mãe de Deus.
Os escritores antigos são autores cristãos, que fazem parte da tradição
da Igreja, que compuseram obras que ajudaram na formação religiosa e espiritual
dos fiéis. Suas mensagens não só tiveram influência e recepção em sua época,
mas também em outros lugares e momentos da história da Igreja.
Os escritores antigos são Padres da Igreja, Papas, bispos, doutores da
Igreja, pregadores, pensadores, santos e outros autores, cujas obras integram o
patrimônio literário do cristianismo. Há escritores que nos legaram livros
completos sobre a Virgem Maria. Outros deixaram partes, breves ou longas, em
suas escritos. Suas reflexões marianas contribuíram no desenvolvimento da
mariologia e do culto de Nossa Senhora.
:: Os Papas e a Virgem Maria
:: Os Papas e a Virgem Maria
SEVERIANO DE GÁBALA
Severiano de Gábala (+ 408), escritor da patrística oriental, ressaltou
a intercessão da Mãe de Deus em favor da Igreja. Em uma de suas homilias,
preconizava: “Também agora não falta a Deus Débora, não falta a Deus Jael.
Temos também a nós a santa Virgem e Mãe de Deus Maria que intercede por nós”.
São Jerônimo
São Jerônimo (347-420), monge e escritor eclesiástico, destacou-se pelo
estudo das Sagradas Escrituras. É conhecido principalmente por sua tradução da
Bíblia para o latim, chamada Vulgata. No culto mariano mostrou a importância da
imitação da Mãe de Jesus. Afirmava: “Propõe-te como modelo a Santíssima Virgem,
cuja pureza foi tanta que mereceu ser a Mãe do Senhor”.
O Papa Leão Magno (+ 461), que governou a Igreja de 440 a 461, é
conhecido pela sua defesa da ortodoxia e pela manutenção da unidade do povo de
Deus. Pontuava: “O Filho de Deus, que é Deus como seu Pai, e que recebe do Pai
sua mesma natureza, Criador e Senhor de tudo, que está presente em toda parte e
transcende o universo inteiro, na seqüência dos tempos, que de sua providência
dependem escolher para si este dia, para em prol da salvação do mundo, nele
nascer da Bem-aventurada Virgem Maria, conservando intacto o pudor de sua Mãe.
A virgindade de Maria não foi violada no parto como não fora maculada na
conceição”.
Leão Magno também comparou a fonte batismal ao seio da Mãe de Jesus
Cristo, o Salvador da humanidade. Sua afirmação lapidar é a seguinte: “Deus
concedeu à água batismal o mesmo poder que concedeu à Mãe, o de gerar Cristo no
coração dos fiéis”.
São Sofrônio
No século VII São Sofrônio exaltou a superioridade de Nossa Senhora em
relação aos anjos e homens. Com entusiasmo dizia: “Quem ousará, ó Virgem Maria,
competir convosco? Deus nasceu de vós. Haverá alguém que se não reconheça
inferior a vós, e mais ainda, não vos conceda alegremente a primazia e a
superioridade? Por isso ao contemplar as vossas eminentes prerrogativas, que
superam as de toda as criaturas, eu vos aclamo com todo o entusiasmo: Ave,
cheia de graça, o Senhor é convosco. Por meio de vós foi concedida a alegria
não somente aos homens mas também aos anjos do céu”.
No século VIII Santo André de Creta, bispo, ao meditar sobre a festa da
Natividade de Nossa Senhora, asseverava: “Era absolutamente necessário ao
esplendor e à evidência da vinda de Deus aos homens uma introdução jubilosa,
antecipando para nós o grande dom da salvação. Este é o sentido da solenidade
de hoje que tem início na natividade da Mãe de Deus, cuja conclusão perfeita é
a predestinada união do Verbo com a carne. Agora a Virgem nasce, é alimentada
com leite, plasmada e preparada como mãe para o Deus e rei de todos os
séculos”.
São João Damasceno (675-749), conhecido como “orador de ouro”, escreveu
cerca de 150 obras. Os estudiosos mostram que ele é uma das testemunhas mais
autorizadas da tradição patrística e teológica que reconhece a Assunção da
Virgem Maria. Em uma de suas homilias, dizia a respeito da Mãe de Jesus: “Os
Apóstolos, juntamente, levaram-te aos ombros, a ti, verdadeira arca, como em
tempos os sacerdotes levaram a arca figurativa, e depuseram-te no túmulo: então
através do túmulo, qual outro Jordão, fizeram-te chegar à verdadeira Terra
prometida, quero dizer, à ‘Jerusalém celeste’, a mãe de todos os crentes, ‘de
quem Deus é o arquiteto e o construtor’”.
SÃO BERNARDO DE CLARAVAL
São Bernardo de Claraval (1091-1153),
abade e escritor, encarnou o gênio religioso de sua época, cuja obra combinou
espiritualidade com dedicação à Igreja. Seus “Louvores à Virgem Maria”
constituem o clássico livro sobre a devoção mariana. Escreveu: “Em Maria existe
algo ainda maior que se deve admirar: a fecundidade unida à virgindade. De
fato, jamais se ouviu dizer que uma mulher fosse, ao mesmo tempo, mãe e
virgem”.
No século XII Santo Elredo, abade, abordou, com muita precisão, vários
aspectos da devoção mariana. Dizia: “Aproximemo-nos da esposa do Senhor,
aproximemo-nos de sua ótima serva. (...) Mas que faremos? Que presentes lhe
ofereceremos? E se pudéssemos, ao menos, dar-lhe de volta o que por justiça lhe
devemos?! Nós lhe devemos honra, nós lhe devemos serviço, nós lhe devemos amor,
nós lhe devemos louvor. Honra, porque é a Mãe de nosso Senhor. Quem não honra a
mãe, sem dúvida alguma, despreza o filho. E a Escritura diz: ‘Honra teu pai e
tua mãe’ (Dt 5,16)”.
Santo Anselmo de Cantuária (1033-1109), bispo e teólogo, defendia que a
fé é ponto de partida para a pesquisa. Deixou-nos belíssimas meditações sobre
Nossa Senhora. Afirmou da Virgem Maria: “O céu e as estrelas, a terra e os
rios, o dia e a noite, e tudo quanto obedece ou serve aos homens,
congratulam-se, ó Senhora, porque a beleza perdida foi por ti de certo modo
ressuscitada e dotada de uma graça nova e inefável”.
Ainda no século XII Santo Amadeu, bispo do Lousana, refletia, em um de
seus sermões, sobre Nossa Senhora como rainha: Maria, “assentada no mais alto
cume das virtudes, repleta do oceano dos carismas divinos, do abismo das
graças, ultrapassando a todos, derramava largas torrentes ao povo fiel e
sedento. Concedia a saúde aos corpos e às almas, podendo ressuscitar da morte
da carne e da alma. Quem jamais partiu de junto dela doente ou triste ou
ignorante dos mistérios celestes? Quem não voltou para casa contente e
jubiloso, tendo impetrado de Maria, a Mãe do Senhor, o que queria?”.
Os antigos escritores, que ajudaram promover a devoção mariana na
Igreja, demonstraram muito amor e veneração para com a Mãe do Salvador. Seus
textos, que apresentam um valor inestimável, atravessam os séculos e chegando
até nós.
Pe. Eugênio Antônio Bisinoto CSsR
Fonte: http://www.a12.com/santuario-nacional/formacao
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