No seu
mais recente artigo, intitulado “A Igreja e a cremação de corpos”, dom Anuar
Battisti, arcebispo metropolitano da arquidiocese de Maringá, no Estado do
Paraná, fala que o nosso corpo mortal chega ao fim com a morte e que desde as
origens a tradição cristã manteve certa prudência em relação à antiga prática
da cremação ou incineração dos corpos, hoje em dia tão utilizada.
O prelado
explica que na sua etimologia cremar ou incinerar se traduz por reduzir às
cinzas, e ressalta que anualmente com o início da Quaresma lembramos que viemos
do pó e ao pó voltaremos. Segundo ele, as cinzas, que são o sinal visível do
que no mundo passa, contribuem com a reflexão sobre a transitoriedade e
caducidade do ser humano. Hoje em dia, muitos fiéis católicos perguntam se
depois da morte podem ter seus corpos cremados.
De acordo
com dom Anuar, algumas argumentações atuais são simplesmente banais e não
correspondem ao valor que a Igreja oferece à prática da obra de misericórdia de
sepultar os corpos dos que nos precederam na fé. “Muitos pensam na cremação
somente como algo ligado ao sistema ambiental, ao problema higiênico das
grandes cidades ou ao custo econômico de um funeral. Outros simplesmente deixam
na sua decisão final expressões como esta: não quero que ninguém venha no
cemitério me visitar”, afirma.
Para um
melhor esclarecimento, o prelado cita ainda o Catecismo da Igreja Católica, que
afirma que a cremação será permitida sempre e quando o corpo humano não seja
nem manipulado, nem muito menos aproveitado por nenhum outro motivo diverso
daquele da condução final das cinzas, de modo reverente e respeitoso, a um
local apropriado. “Não é
recomendado, espalhar as cinzas no mar, no jardim ou serem depositadas em um
lugar da casa onde moram os familiares do defunto”, diz o trecho 2301 do CIC.
“A Igreja mantém a sua firme voz quanto ao respeito e a dignidade da pessoa,
mesmo após a morte corporal”, completa.
Por fim,
o arcebispo afirma que a passagem desta vida para a eterna deve ser marcada não
por meras discussões sobre onde vão repousar os meus restos mortais. Para ele,
o que importa é que todos professem que Cristo é a nossa vida, e que esperemos
a vida eterna, porque a nossa Fé o proclama Senhor dos vivos e dos mortos.
Dom Anuar ainda alerta para que não centremos as nossas esperanças no espaço que ocuparão os nossos restos mortais.
Dom Anuar ainda alerta para que não centremos as nossas esperanças no espaço que ocuparão os nossos restos mortais.
“Demos
dignidade ao momento da sepultura e ofereçamos uma boa palavra para aqueles
que, pela dor, não conseguem muitas vezes entender a separação; tanto aos
corpos que serão sepultados nos cemitérios como aqueles que serão cremados. A
todos podemos lhes dedicar a frase que se encontra no cemitério da igreja dos
Freis Capuchinhos, na Via Venetto, em Roma: “Vocês são hoje o que nós um dia
fomos”, conclui. (FB / DA)
Fonte: Blog do
Carmadélio
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