Entrevista de Dom Leonardo Steiner, Secretário Geral
da CNBB, no jornal Folha de São Paulo, em 19/7/2012
O
secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom
Leonardo Steiner, afirmou ser a favor de debater o aborto nas eleições
municipais deste ano, assim como corrupção, casamento entre gays e outros temas
que dizem respeito “ao direito da pessoa humana”. Mas a recomendação geral da
Igreja Católica aos seus fieis nas eleições municipais será “votem em ficha
limpa”.
Folha/UOL – Qual é a diretriz da CNBB para as
eleições municipais deste ano?
Dom Leonardo – Votem em
ficha limpa. Foi uma longa batalha, na qual a CNBB se engajou. Não
podemos voltar atrás. Eleições municipais são mais disputadas, mais intensas.
Da nossa parte, existe o desejo de darmos uma orientação da boa escolha
daqueles que hão de cuidar do município.
Temas nacionais também devem estar presentes, como
aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo?
Deve
fazer parte do debate das eleições municipais sempre aquilo que diz respeito ao
direito da pessoa humana. A questão da corrupção, da ficha limpa.
O debate
ele tem que ser livre. As pessoas podem e devem ter o direito de expressar suas
concepções. Ajuda muito ao eleitor quando ele [candidato] coloca a questão do
aborto, a questão da corrupção. Mas não só para angariar voto, mas como uma
questão realmente política.
Qual é a posição da Igreja Católica hoje sobre o uso
de contraceptivos?
Não se
pode sempre usar contraceptivos sem mais e sem menos porque as relações
precisam sempre estar abertas à vida. Muitas vezes se quer facilitar o prazer
simplesmente pelo prazer.
Como está a relação da Igreja Católica com o atual
governo e como foi com os anteriores?
Eu tenho
a impressão que os governos têm procurado ouvir. Mas nós sentimos também, não
no primeiro escalão, alguma dificuldade de relação.
Que tipo de dificuldade?
Às vezes,
a participação nossa nos conselhos [consultivos dos ministérios]. A CNBB
participa em diversos conselhos.
Há algum impedimento?
Existe
uma espécie de resistência, sim. De que não é muito tarefa religiosa ou uma
tarefa da Igreja [opinar] em um ou outro conselho.
O sr. poderia especificar?
Não é
muito conveniente.
É governo como um todo?
Não. A
interlocução que temos com os ministros tem sido positiva. Nenhum ministro de
Estado se recusou a me receber.
Fonte: Blog do
Carmadélio
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