Num
artigo anterior (Suicídio demográfico – JB 09/02/2011) publicado em diversos
jornais nacionais – fazendo coro com outros demógrafos – alertávamos
sobre o declínio da fecundidade feminina das populações da Europa, e que agora
está ocorrendo em praticamente em todos os países do mundo, também absurdamente
aqui no Brasil. À exceção apenas da África e países muçulmanos e pobres
da Ásia, que mantém taxas seguras de manutenção da população. Como já foi
referido, o fenômeno se manifesta pela desistência consciente (90%) de gerar
menos de 2,1 filho por mulher em idade reprodutiva. Abaixo disto, segundo os
demógrafos assistiremos a lenta morte de um país ou nação no seu contingente.
A
contradição que nos intriga é o fato dos países mais ricos – que por força de
uma lógica de sustentabilidade econômica – são os que mais estão resvalando
nesta ladeira abaixo da demografia. Enquanto os países mais pobres são
justamente aqueles com maior coeficiente de filhos por mulher. A Europa vem sofrendo
este desgaste dramaticamente nos últimos 50 anos, e já começa sentir a redução
de suas populações. A redução só não tem sido mais melancólica graças a
cidadania oferecida aos imigrantes africanos, árabes e de outras regiões pobres
que para lá se mudaram. Também é oferecida em tom de desespero, aos
descendentes até quarta geração de cidadãos europeus em outras partes do mundo
para facilitar seus retornos. Chamado de “truque da cidadania”.
Poucos
se têm debruçado que a causa maior da crise européia está na dificuldade de
gerar produção suficiente por um grupo etário reduzido (População Econômica
Ativa) para sustentar uma imensa massa de “abonados”.
A
falta de esperança, apatia pela vida, ou mesmo medo que filhos tirem seus
espaços de liberdade levam a esta redução frustrante. Fecha num ciclo de vida
vazia, sem sentido e daí para o desmoronamento da família é um passo, quando
ainda exista. Sem contar a disseminação de certos grupos sociais de gênero que
tornam impossível a reprodução. Para estes não haverá mais uma próxima geração.
A
prática de um único filho consciente é, em nosso entender, uma falsa busca da
autoestima para provar a si mesmo sua capacidade de gerar, levando a uma
letargia e acomodação da vida. Nestas circunstâncias descarregam neste único
rebento todas as atenções e recursos para se transformarem verdadeiros
“reizinhos” e egoístas estremados e quando não, despreparados para a vida.
Por
outro lado, teremos uma sociedade – como ocorre hoje na China – sem irmãos,
para na outra geração não haver tios ou tias. Neste contexto, no futuro segundo
alguns demógrafos 60% serão filhos únicos de filhos únicos. Tristemente serão
pessoas que nunca terão a experiência de ter um irmão ou irmã, e, sem tios ou
tias não conhecerão primos.
Por
contradição há uma discussão mundial particularmente na Europa sobre o aborto
consentido, ou eufemisticamente dito terapêutico, onde o Brasil lamentavelmente
participa desta onda. Ora isto é uma janela para todas as demais práticas de
infanticídio. Em nosso entender na atual condição demográfica, deveria ser
exatamente o contrário. Segundo pesquisas européias, 830.000 abortos são
praticados anualmente na região. Este contingente está fazendo falta. Logo, é a
crise moral que esta afetando toda a estrutura econômica, social e política no
atual contexto histórico.
Segundo
a história, os Romanos, além do aborto e do infanticídio, no período de sua
decadência moral, praticavam uma forma primitiva de eutanásia (longe das
camisolas brancas dos Países Baixos) que consistia em abandonar os anciãos
doentes simplesmente sem tratá-los ou alimentá-los. Neste momento não foi
difícil aos “bárbaros” dominarem os romanos. Por obra e graça Divina surge a
civilização dos cristãos pregando e fazendo exatamente o contrário: não ao
aborto, não ao abandono dos velhos e doentes, não a eutanásia. Com isto Roma
como toda Europa voltaram a crescer virtuosamente. Segundo o sociólogo Rodney
Stark, - quem vai levantar a Europa agora da sua ruína moral?
Para
nós brasileiros, estamos no mesmo comportamento amoral da sua sociedade. O
último senso 2010 revelou uma fecundidade de nossas “evas” em pífios 1,86,
quando em 2000 era de 2,38 filhos. Começamos a derrapada do nosso “suicídio
demográfico”. Ainda há tempo para reverter em número e em consciência esta
tendência, antes de passarmos para a história como péssimos seguidores da Roma
antiga.
Sergio
Sebold – Economista Independente e Professor – sebold@terra.com.br
Fonte: Blog do Carmadelio
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