O Vaticano criticou nessa
semana a detenção de padres e bispos na China, considerando que o regime de
Pequim impõe “limitações injustas” à ação da Igreja Católica no país.
A denúncia é feita no comunicado
final da quinta reunião da comissão criada por Bento XVI, em 2007, para debater
as “questões de maior importância” para a Igreja Católica chinesa.
O documento manifesta
“admiração pela firmeza” dos fiéis que se mantém ligados ao Papa, apesar das
pressões do Governo chinês, que defende o controlo de todas as atividades
religiosas, em particular a nomeação de bispos para as comunidades católicas.
A Santa Sé refere que a
missão episcopal tem de ser exercida “em união” com o Papa, rejeitando as
pretensões de organismos estatais – “uma associação e uma conferência” – de se
“colocarem acima dos bispos”.
Na China existem entre oito
a 12 milhões de católicos, segundo o Vaticano, divididos entre os que pertencem
à Igreja “oficial” (Associação Patriótica Católica – APC, controlado por
Pequim) e à “clandestina”, fiel a Roma.
A APC foi criada em 1957
para evitar “interferências estrangeiras”, em especial da Santa Sé, e para
assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado,
deixando assim na clandestinidade os fiéis que reconhecem a autoridade do Papa.
Nesse sentido, critica-se a
recente participação de alguns desses bispos numa cerimónia de ordenação
episcopal autorizada por Bento XVI, “perturbando os fiéis e forçando a
consciência dos sacerdotes e fiéis envolvidos”.
A nota oficial da Santa Sé
admite que bispos reconhecidos pelo Vaticano participaram em “ordenações
episcopais ilegítimas”, tendo alguns deles pedido desculpas ao Papa e
“esclarecido a sua posição”.
Em cima da mesa esteve
ainda o tema da formação dos leigos, tendo como pano de fundo a realização de
um Ano da Fé (11 de outubro de 2012-24 de novembro de 2013), em toda a Igreja,
por iniciativa de Bento XVI.
O comunicado apela à
“formação integral dos leigos, sobretudo onde existe uma rápida evolução social
e um desenvolvimento económico significativo”, com especial atenção para “os
fenómenos das migrações internas e da urbanização”.
Aos católicos é pedida a
consciência da sua “pertença eclesial” e coerência com “as exigências da vida em
Cristo”, propondo-se, a este respeito, um “conhecimento aprofundado do
Catecismo da Igreja”.
Os participantes no
encontro sublinharam, por outro lado, que o testemunho oferecido por
comunidades “muitas vezes humildes e sem recursos materiais”, encoraja “todos
os anos muitos adultos a pedir o batismo” na Igreja Católica.
O Serviço de Informação do
Vaticano (VIS) revelou na terça-feira que mais de 22 mil pessoas foram
batizadas na China, este domingo de Páscoa, 8 de abril; 75% dos novos católicos
eram adultos.
“Obediência a Cristo e ao
Sucessor de Pedro”, pede o Vaticano
De 23 a 25 de abril, os
membros da Comissão para a Igreja na China, criada pelo Papa Bento XVI, em
2007, reuniram-se no Vaticano para traçarem uma série de diretrizes para a
melhor vivência da fé no território chinês.
No comunicado lançado
durante o encontro, os participantes aprofundaram o tema da formação dos
fiéis leigos, tendo em vista o “Ano da Fé”, proclamado por Bento XVI no ano
passado, o qual iniciar-se-á em 11 de outubro de 2012 com as comemorações dos
50 anos do Concílio Vaticano II.
“As palavras do Evangelho:
‘E Jesus crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens’ (Luc
2,52), ilustram a missão para a qual são chamados os fiéis leigos católicos na
China. Em primeiro lugar, os mesmos devem entrar mais profundamente na vida da
Igreja nutridos pela doutrina, conscientes da pertença eclesial e coerentes com
as exigências da vida em Cristo”, diz o Comunicado.
Entre outras orientações, o
Vaticano também pede que os leigos sejam protagonistas no respeito à vida desde
a concepção ao seu fim natural e, solicita ainda, que os mesmos sejam ativos
nas comunidades paroquiais.
Aos bispos chineses
Na reunião, um apelo também
foi feito aos Bispos, que, de acordo com o comunicado “sofrem injustas
limitações no cumprimento da missão”.
“Foi expressa a admiração
pela firmeza na fé e pela união dos senhores bispos com o Santo Padre. O
bispos, de modo especial, necessitam da oração da Igreja, para enfrentarem as
suas dificuldades com serenidade e na fidelidade a Cristo”, diz o Comunicado.
1 – A perseguição à
Igreja
Diante da situação
específica da Igreja na China, a reunião abordou assuntos referentes às
ordenações episcopais ilícitas impostas pelo governo chinês e trouxe diretrizes
claras sobre como os católicos que possuem plena ligação com o papa devem se
comportar diante de tal situação.
“A obediência a Cristo e ao
Sucessor de Pedro é o pressuposto de toda e qualquer renovação, e isto vale
para todos os componentes do povo de deus. Os proprios leigos são sensiveis à
clara fidelidade eclesial dos proprios pastores”, orientou.
Obediência à Santa Sé
Ainda no Comunicado, o
Vaticano diz seguir com atenção os “penosos acontecimentos” e está consciente
das enormes dificuldades vividas pela Igreja na China, no entanto, exortou que,
diante do desafio da evangelização, os católicos não relativizem os conteúdos
eclesiais.
“A evangelização não pode
acontecer sacrificando elementos essenciais da fé e da discipplia católica”,
destaca o documento.
Convocação: rezar pela
Igreja na China
No último parágrafo do
documento, um pedido a todos os católicos do mundo para que se unam à Igreja na
China no dia 24 de Maio, dia da memória litúrgica de Nossa Senhora auxílio dos
cristãos.
“Será uma ocasião
particularmente propícia para toda a Igreja para invocar e energia e
consolação, misericórdia e coragem, para a comunidade católica na China”,
salienta.
Como funciona o
catolicismo na China?
No país existe a chamada
Associação Patriótica Católica Chinesa que possui cerca de quatro milhões de
adeptos, entretanto, a mesma não reconhece a autoridade do Papa, segundo
determinação do Governo, que é de regime comunista. Os “verdadeiros católicos”,
que são minoria, realizam toda e qualquer atividade litúrgica às escondidas, já
que o governo os considera “subversivos” por causa da plena comunhão com a
Santa Sé e com o Santo Padre. Os fiéis da “igreja clandestina”, se descobertos,
são submetidos ao cumprimento de penas severas e a condenações penais.
Fonte: Blog do Carmadélio
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