segunda-feira, 30 de abril de 2012

Vaticano critica detenções de católicos na China.


O Vaticano criticou nessa semana a detenção de padres e bispos na China, considerando que o regime de Pequim impõe “limitações injustas” à ação da Igreja Católica no país.
A denúncia é feita no comunicado final da quinta reunião da comissão criada por Bento XVI, em 2007, para debater as “questões de maior importância” para a Igreja Católica chinesa.
O documento manifesta “admiração pela firmeza” dos fiéis que se mantém ligados ao Papa, apesar das pressões do Governo chinês, que defende o controlo de todas as atividades religiosas, em particular a nomeação de bispos para as comunidades católicas.
A Santa Sé refere que a missão episcopal tem de ser exercida “em união” com o Papa, rejeitando as pretensões de organismos estatais – “uma associação e uma conferência” – de se “colocarem acima dos bispos”.
Na China existem entre oito a 12 milhões de católicos, segundo o Vaticano, divididos entre os que pertencem à Igreja “oficial” (Associação Patriótica Católica – APC, controlado por Pequim) e à “clandestina”, fiel a Roma.
A APC foi criada em 1957 para evitar “interferências estrangeiras”, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado, deixando assim na clandestinidade os fiéis que reconhecem a autoridade do Papa.
O Vaticano considera “ilegítimos” os bispos que receberam jurisdição da APC, “usurpando um poder que a Igreja não lhes conferiu”.
Nesse sentido, critica-se a recente participação de alguns desses bispos numa cerimónia de ordenação episcopal autorizada por Bento XVI, “perturbando os fiéis e forçando a consciência dos sacerdotes e fiéis envolvidos”.
A nota oficial da Santa Sé admite que bispos reconhecidos pelo Vaticano participaram em “ordenações episcopais ilegítimas”, tendo alguns deles pedido desculpas ao Papa e “esclarecido a sua posição”.
Em cima da mesa esteve ainda o tema da formação dos leigos, tendo como pano de fundo a realização de um Ano da Fé (11 de outubro de 2012-24 de novembro de 2013), em toda a Igreja, por iniciativa de Bento XVI.
O comunicado apela à “formação integral dos leigos, sobretudo onde existe uma rápida evolução social e um desenvolvimento económico significativo”, com especial atenção para “os fenómenos das migrações internas e da urbanização”.
Aos católicos é pedida a consciência da sua “pertença eclesial” e coerência com “as exigências da vida em Cristo”, propondo-se, a este respeito, um “conhecimento aprofundado do Catecismo da Igreja”.
Os participantes no encontro sublinharam, por outro lado, que o testemunho oferecido por comunidades “muitas vezes humildes e sem recursos materiais”, encoraja “todos os anos muitos adultos a pedir o batismo” na Igreja Católica.
O Serviço de Informação do Vaticano (VIS) revelou na terça-feira que mais de 22 mil pessoas foram batizadas na China, este domingo de Páscoa, 8 de abril; 75% dos novos católicos eram adultos.

“Obediência a Cristo e ao Sucessor de Pedro”, pede o Vaticano
De 23 a 25 de abril, os membros da Comissão para a Igreja na China, criada pelo Papa Bento XVI, em 2007, reuniram-se no Vaticano para traçarem uma série de diretrizes para a melhor vivência da fé no território chinês.
No comunicado lançado durante o encontro, os participantes aprofundaram o tema da formação dos fiéis leigos, tendo em vista o “Ano da Fé”, proclamado por Bento XVI no ano passado, o qual iniciar-se-á em 11 de outubro de 2012 com as comemorações dos 50 anos do Concílio Vaticano II.
“As palavras do Evangelho: ‘E Jesus crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens’ (Luc 2,52), ilustram a missão para a qual são chamados os fiéis leigos católicos na China. Em primeiro lugar, os mesmos devem entrar mais profundamente na vida da Igreja nutridos pela doutrina, conscientes da pertença eclesial e coerentes com as exigências da vida em Cristo”, diz o Comunicado.
Entre outras orientações, o Vaticano também pede que os leigos sejam protagonistas no respeito à vida desde a concepção ao seu fim natural e, solicita ainda, que os mesmos sejam ativos nas comunidades paroquiais.
Aos bispos chineses
Na reunião, um apelo também foi feito aos Bispos, que, de acordo com o comunicado “sofrem injustas limitações no cumprimento da missão”.
“Foi expressa a admiração pela firmeza na fé e pela união dos senhores bispos com o Santo Padre. O bispos, de modo especial, necessitam da oração da Igreja, para enfrentarem as suas dificuldades com serenidade e na fidelidade a Cristo”, diz o Comunicado.
1 – A perseguição à Igreja
Diante da situação específica da Igreja na China, a reunião abordou assuntos referentes às ordenações episcopais ilícitas impostas pelo governo chinês e trouxe diretrizes claras sobre como os católicos que possuem plena ligação com o papa devem se comportar diante de tal situação.
“A obediência a Cristo e ao Sucessor de Pedro é o pressuposto de toda e qualquer renovação, e isto vale para todos os componentes do povo de deus. Os proprios leigos são sensiveis à clara fidelidade eclesial dos proprios pastores”, orientou.
Obediência à Santa Sé
Ainda no Comunicado, o Vaticano diz seguir com atenção os “penosos acontecimentos” e está consciente das enormes dificuldades vividas pela Igreja na China, no entanto, exortou que, diante do desafio da evangelização, os católicos não relativizem os conteúdos eclesiais.
“A evangelização não pode acontecer sacrificando elementos essenciais da fé e da discipplia católica”, destaca o documento.
Convocação: rezar pela Igreja na China
No último parágrafo do documento, um pedido a todos os católicos do mundo para que se unam à Igreja na China no dia 24 de Maio, dia da memória litúrgica de Nossa Senhora auxílio dos cristãos.
“Será uma ocasião particularmente propícia para toda a Igreja para invocar e energia e consolação, misericórdia e coragem, para a comunidade católica na China”, salienta.
Como funciona o catolicismo na China?
No país existe a chamada Associação Patriótica Católica Chinesa que possui cerca de quatro milhões de adeptos, entretanto, a mesma não reconhece a autoridade do Papa, segundo determinação do Governo, que é de regime comunista. Os “verdadeiros católicos”, que são minoria, realizam toda e qualquer atividade litúrgica às escondidas, já que o governo os considera “subversivos” por causa da plena comunhão com a Santa Sé e com o Santo Padre. Os fiéis da “igreja clandestina”, se descobertos, são submetidos ao cumprimento de penas severas e a condenações penais.
Fonte: Blog do Carmadélio

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