(ZENIT
– Roma, 8 Abr. 2017).- O Papa Francisco participou neste sábado na Basílica
romana de Santa Maria Maior, da Vigília de oração promovida pelo Serviço da
Pastoral Juvenil da Diocese de Roma.
Este evento realiza-se na
véspera do Domingo de Ramos, quando em todas as dioceses do mundo é celebrada a
Jornada Mundial da Juventude a nível diocesano, que chega em 2017 à sua 32ª
edição.
Trata-se do primeiro encontro
do Papa com os jovens no caminho de preparação da XV Assembléia Geral Ordinária
do Sínodo dos Bispos, marcada para outubro de 2018 sobre o tema “Os jovens, a
fé e o discernimento vocacional”.
O Papa deixou a mensagem
escrita e improvisou. “Esta noite, tem um duplo início de caminho rumo ao
Sínodo que tem um tema longo, jovens, fé, discernimento vocacional. O Sínodo
dos jovens”, disse o Papa, “e o início do caminho rumo ao Panamá”, disse.
“Um sínodo dos jovens e para
todos os jovens” assegurou, nenhum deve sentir-se excluído. “Vocês são os
protagonistas. Mas também os jovens que se sentem agnósticos? Sim! Também os
que têm uma fé menos consolidada? Sim, e também os que estão mais afastados da
Igreja, e os que se sentem ateus”, disse. Porque “os jovens tem muito que
dizer aos outros, aos adultos, aos sacerdotes, aos bispos e ao Papa”.
“O mundo de hoje precisa
–disse– de jovens ativos, dinâmicos, que sintam que a vida é uma vocação, uma
experiência em caminho. O mundo só poderá mudar com jovens assim”. E lamentou o
drama dos jovens “descartados, sem trabalho, sem ideais que possam
cumprir”.
“Eu estou no fim da vida, Mas
os jovens têm uma missão, de falar com os avós. Hoje mais do que nunca temos
necessidade desta ponte, deste diálogo, entre os idosos e os jovens, ajudá-los
a sonhar, transformar o sonho dos nossos avós em profecia. É a tarefa que a
Igreja vos dá. Não sei se estarei no Panamá em 2018, mas o Papa que lá estiver
vai-vos perguntar isso”.
A
continuação o texto que o Papa tinha preparado mas que não tem lido.
Queridos jovens! Esta Vigília
de Oração constitui o primeiro momento de direto empenho vosso no caminho de
preparação para o próximo Sínodo dos Bispos e para a Jornada Mundial da
Juventude que terá lugar, no Panamá, pouco tempo depois da assembléia sinodal.
O Sínodo, como sabeis, tem por tema os jovens, a fé e o discernimento
vocacional.
Como escrevi na Carta aos
Jovens que acompanha o Documento preparatório do Sínodo, «quis que estivésseis
vós no centro das atenções, porque vos trago no coração». O Sínodo, para o qual
estamos a preparar-nos, é um caminho que eu e os meus irmãos bispos queremos
realizar juntamente convosco: vós deveis ser os seus protagonistas. Desejamos
escutar a vossa voz e conhecer as vossas ideias, ajudando-nos assim a
contribuir para a vossa alegria (cf. 2 Cor 1, 24).
Nenhum jovem se deve sentir
excluído; não podemos contentar-nos de caminhar apenas com aqueles que
partilham a pertença eclesial, deixando os outros fora da porta da Igreja. Todos
os jovens têm o direito de ser acompanhados na sua busca de sentido, a fim de
corresponderem ao projeto de Deus e encontrarem o seu lugar na vida. Aos jovens
do mundo inteiro e sobretudo a vós, jovens da minha diocese de Roma e das
outras dioceses do Lácio, confio a missão de envolver neste caminho sinodal os
vossos amigos nas escolas, no mundo do trabalho, nos centros desportivos, nos
ambientes dos tempos livres, contagiando-os com uma vida capaz de testemunhar a
beleza do Evangelho.
Como sabeis, às vezes os
jovens, incapazes de lidar com a solidão e o mal-estar interior, escolhem a
violência para se afirmar a si mesmos. Sede vós os primeiros a reagir a estas
formas de prepotência, fazendo ver a beleza de viver uns com os outros.
Permanecei ao lado daqueles que
estão em dificuldade. Integrai-os na vossa amizade e caminhai com eles. O
Evangelho, que escutamos, apresenta-nos a viagem jubilosa empreendida por Maria
para Se pôr ao serviço de Isabel, que estava grávida de João Batista. Nesta
Basílica, que é o solar mais antigo de Nossa Senhora na cidade de Roma e no
Ocidente,
Ela própria nos convida a sair
de nós mesmos, tomando consciência de que cada um pode dizer: «Eu sou uma
missão nesta terra, e para isso estou neste mundo» (Exort. ap. Evangelii
gaudium, 273). Nesta perspetiva, podemos compreender o significado de colocar o
discernimento vocacional como ponto central do próximo Sínodo.
Não basta perguntar-se «quem
sou eu?», como freqüentemente propõe a cultura dominante. Se ficarmos por esta
pergunta, corremos o risco de acabar fechados numa visão narcisista, que impede
a nossa realização. Ao contrário, é preciso mudar a direção da questão,
perguntando-se «para quem sou eu?» Com efeito, a felicidade consiste no dom de
nós mesmos, a exemplo de Jesus que oferece a sua vida pela humanidade. Isto
mesmo nos lembra a Semana Santa prestes a iniciar.
Ao pé da cruz, encontraremos
Maria e o Discípulo amado, que nos acompanham no percurso para o Sínodo.
Precisamente no Gólgota, o Discípulo «cuidará do sofrimento profundo da Mãe, a
Quem é confiado, assumindo a responsabilidade de cuidar d’Ela» (Sínodo dos
Bispos – XV Assembléia Geral Ordinária, Documento Preparatório).
Será precisamente ele o
primeiro a correr, juntamente com Pedro, para o sepulcro na manhã de Páscoa e,
depois no lago de Tiberíades, a reconhecer o Ressuscitado, exclamando: «É o
Senhor!» Sabemos que a ressurreição de Jesus não é um acontecimento do passado:
a sua luz estende-se até ao dia de hoje e alcança-nos também a nós, dando-nos a
capacidade e a força para construir um mundo melhor.
Que a JMJ, que vamos celebrar
amanhã em todas as dioceses do mundo, reforce a vossa fé no Ressuscitado e o
desejo de O seguir com generosidade e entusiasmo. Assim, no decurso comum dos
vossos dias, mesmo nos momentos mais difíceis, podereis vencer o desânimo, crer
na força da vida e dar esperança ao nosso tempo. Que Maria e João, dois jovens
como vós, nos apoiem neste tempo sinodal.
Fonte: https://pt.zenit.org/
Nenhum comentário:
Postar um comentário