A
“justiça” da Inglaterra, entre aspas e com minúsculas por questão de Justiça,
autorizou o
assassinato forçado de um bebê de 8 meses de idade, atropelando monstruosamente
até mesmo a vontade dos próprios pais da criança condenada à morte.
O pequeno Charlie Gard sofre de
uma doença mitocondrial rara, que provoca o enfraquecimento dos seus músculos e
sérios danos cerebrais. Ele recebe suporte vital no Hospital Great Ormond
Street, de Londres, mas os médicos “decidiram”, contra a vontade dos pais do
bebê, que os aparelhos deverão ser desconectados para “evitar um sofrimento
inútil”.
Os pais de Charlie, Chris Gard e Connie Yates,
pretendiam levar o filho aos Estados Unidos para um tratamento
experimental e, decididos a dar a ele todas as chances possíveis de vida e
cura, por mínimas que fossem, rejeitaram terminantemente a “sugestão” assassina
dos médicos.
O caso foi parar na “justiça”,
entre aspas e com minúscula. Muito, muito minúscula.
Durante o processo, uma das
médicas declarou que a criança já não ouve nem se mexe e está “sofrendo
desnecessariamente”.
Charlie tinha nascido saudável,
em agosto de 2016, mas, aos dois meses, foi internado com pneumonia por
aspiração e seu quadro piorou muito rapidamente. Os pais iniciaram uma campanha
de arrecadação de donativos para levar o bebê aos Estados Unidos. Graças
à solidariedade concreta de mais de 80.000 pessoas, eles angariaram
1,2 milhão de libras (mais de 4,5 milhões de reais).
Foi digna de uma ditadura
absolutista a cena tétrica no Alto Tribunal da Inglaterra em que a família de
Charlie recebeu com gritos de “Não!” a odiosa decisão do juiz Nicholas Francis,
que teve o desplante de declarar que batia o seu martelo homicida “com
a maior das tristezas”, mas, ao mesmo tempo, com “a
absoluta convicção” de estar fazendo “o melhor para o
bebê“. Nas palavras indignantes do representante dessa
minúscula “justiça”, o pequeno sentenciado ao extermínio merece “uma
morte digna”! No parecer do juiz, porém, essa “dignidade” não
consistiria em lutar pela vida mediante um tratamento novo,
mas sim em ser forçado à eutanásia, sem qualquer respeito sequer pela
vontade dos pais de garantir ao filho até a mínima das chances de vida.
Pode haver algum indicativo mais gritante
de ditadura assassina do que a intromissão do Estado na decisão de uma
família que quer a VIDA do próprio bebê?
É nojenta, abominável, a
hipocrisia com que se tentam disfarçar com termos “doces” e “empáticos” as
formas monstruosas de pensar, falar e agir dos escravos da cultura de
morte e descarte que rege o mundo “civilizado” em nossa época. Essa
cultura, que pervade cada vez mais corrosivamente o âmago de todos os segmentos
da vida social, acadêmica, política e econômica da nossa sociedade suicida tem
sido denunciada inúmeras vezes e com força pelo Papa Francisco, o máximo
expoente atual da cultura da vida e do encontro que caracteriza o autêntico
cristianismo.
A estarrecedora metástase do
câncer moral que apodrece por dentro e por fora a “sociedade civilizada” fede
nas palavras do juiz, que teve a coragem de se dirigir da seguinte forma aos
pais do bebê cujo assassinato ele acabava, impavidamente, de decretar:
“Quero agradecer aos pais de Charlie pela sua
campanha valente e digna em nome dele, mas, principalmente, prestar homenagem à
sua total dedicação ao seu filho maravilhoso desde o dia em que nasceu”.
Não consigo
enxergar nenhuma possibilidade de ouvir uma declaração como esta,
nesse contexto, sem sentir a força de um soco na cara e os ecos de uma
gargalhada de deboche em cada sílaba dessa condenação.
Que grau de monstruosidade é necessário,
consciente ou já subconscientemente, para sentenciar um bebê à morte e se
dirigir com tamanha hipocrisia aos pais da sua vítima indefesa? Uma
vítima que ainda tem uma chance a seu alcance!
A advogada da família de
Charlie, Laura Hobey-Hamsher, resumiu os efeitos dessa sentença ditatorial
e assassina declarando que os pais do bebê ficaram simplesmente
“arrasados”.
O filho deles tem uma
chance de vida! Mínima, ínfima, não importa: é uma chance e eles querem e têm o
direito de abraçá-la com toda a força da sua esperança e do seu amor de
pais!
QUEM pode se arrogar o
“direito” de lhes negar essa chance? QUEM?
Devastadoramente, esta não foi
primeira vez que um juiz da “civilizada” Inglaterra determinou o desligamento
do suporte vital a um bebê apesar da expressa vontade dos seus pais de
continuar lutando pela vida. Em 2015, a “justiça” inglesa, minúscula e entre
aspas, se fez cúmplice do assassinato de uma menina que tinha
sofrido danos cerebrais irreversíveis devido à falta de oxigênio
durante o parto, ocorrido dentro de um automóvel.
Se a “justiça” realmente
acredita que está fazendo “o bem” ao tomar esse tipo de decisão homicida,
a situação, já abominável em si mesma, consegue se tornar ainda mais sombria,
preocupante e assustadora. “Cega” nunca foi melhor adjetivo para descrevê-la.
Qualquer ser humano que tenha
um pingo de sincero desejo de defender a vida tem a obrigação moral de se
manifestar em alto e bom som diante dos ataques cada vez mais abertos das
hordas da morte e do descarte. Por enquanto, o direito de protesto ainda não
nos foi proibido. Por
enquanto.
Aleteia
Fonte:
http://blog.comshalom.org
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