Um dos
argumentos utilizado pelos defensores do aborto e de outras aberrações morais é
a de que o Estado é laico e, por isso, os cristãos não deveriam opinar sobre as
decisões que os governantes tomam (ou deixam de tomar) na área ética.
Tal
pensamento, contudo, é errôneo, se bem entendermos o que é realmente um Estado
laico, de acordo com o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, em seu n. 572: “O princípio da laicidade comporta o respeito
de toda confissão religiosa por parte do Estado, ‘que assegura o livre
exercício das atividades cultuais, espirituais, culturais e caritativas das
comunidades dos crentes. Numa sociedade pluralista, a laicidade é um lugar de
comunicação entre as diferentes tradições espirituais e a nação’ (João
Paulo II, Discurso ao Corpo Diplomático (12 de Janeiro de 2004),
3:L’Osservatore Romano, ed. em Português, 17 de Janeiro de 2004, p. 7)”.
Infelizmente
permanecem ainda, inclusive nas sociedades democráticas, expressões de laicismo
intolerante, que hostilizam qualquer forma de relevância política e cultural da
fé, procurando desqualificar o empenho social e político dos cristãos, porque
se reconhecem nas verdades ensinadas pela Igreja e obedecem ao dever moral de
ser coerentes com a própria consciência; chega-se também e mais radicalmente a
negar a própria ética natural.”
O Papa
Francisco, por sua vez, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 27 de julho de
2013, disse, em síntese, que o Estado Laico é aquele que, sem assumir como
própria nenhuma posição confessional, respeita e valoriza a presença da
dimensão religiosa na sociedade, favorecendo suas expressões mais concretas.
“O Estado laico, longe de ser um Estado ateu – que
nega a existência de Deus –, protege a liberdade de consciência e de crença de
seus cidadãos, permitindo a coexistência de vários credos”, assegura, do ponto de vista
legal, o Dr. Ives Gandra da Silva Martins, renomado constitucionalista
brasileiro.
Quanto ao
falso Estado Laico que aí está, o Padre David Francisquini é taxativo ao
afirmar que esse Estado professa, sim, uma confessionalidade ideológica
agnóstica e laicista, o que significaria dizer: “Como você tem uma convicção
religiosa, não pode impô-la a mim. Mas eu que sou agnóstico ou ateu, posso
impor a minha a você”.
“Nós
divergimos, mas quem tem razão sou eu, que tenho a mente livre e não atada por
dogmas religiosos. Trata-se de um estranho Estado de Direito, dito democrático
e pluralista, no qual somente os ateus e agnósticos têm o direito de falar e
modelar as leis segundo seus princípios” (Catecismo contra o aborto, p. 35).
Vê-se,
portanto, que, a mentalidade reinante pretende fazer prevalecer não apenas o
Estado Laico, que seria respeitador da pluralidade de opinião, mas, sim, o
Estado Laicista, de raiz comunista e, por isso, sufocador da fé e da moral
cristã, libertadoras do ser humano.
Vanderlei
de Lima é filósofo e escritor.
Fonte:
Blog do Carmadélio
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