Paulo
Henrique Machado (foto BBC)
SÃO
PAULO, 06 Ago. 13 / 09:44 am (ACI/EWTN Noticias).- Apesar de sofrer de
paralisia e depender de respirador artificial 24 horas do dia, como
consequência de ter sofrido de poliomielite quando era ainda bebê, Paulo
Henrique Machado aprendeu a realizar animações em 3D e se encontra embarcado no
projeto de realizar uma série animada para crianças
em base a sua vida.
Paulo é
um cinéfilo e mora em um quarto do Hospital das Clínicas de São Paulo há 45
anos e tem muitas lembranças de filmes. Além disso, tem dois computadores bem
equipados para realizar suas animações.
Quando
era criança, recorda, ia com a sua cadeira de rodas pelo hospital, "para
cima e para baixo, entrando no quarto das outras crianças que estavam ali; foi
assim que descobri meu universo".
Em
declarações à BBC, Paulo assinalou que quando era criança, "para mim,
jogar futebol ou brincar com brinquedos normais não era uma opção, assim usava
mais a minha imaginação".
A mãe de
Paulo morreu quando ele tinha apenas dois dias de nascido. Quando era ainda
bebê contraiu a poliomielite, em uma das últimas grandes epidemias dessa enfermidade
no país.
Nessa
época, os médicos não davam mais de dez anos de esperança de vida para estas
crianças.
Paulo
recordou como seus companheiros no hospital, seus amigos, que padeciam sua
mesma enfermidade, foram morrendo um a um.
"Estávamos
eu, Eliana, Pedrinho, Anderson, Claudia, Luciana e Tânia. Estiveram aqui por um
bom tempo também, mais de dez anos", recordou.
A morte
de seus amigos "foi difícil", reconheceu, pois "cada perda era
como um desmembramento... como uma mutilação".
"Agora
só ficamos dois de nós, eu e Eliana", disse, referindo-se a Eliana Zagui.
Os
médicos ainda não conseguem compreender como Eliana e Paulo sobreviveram todos
estes anos juntos.
Paulo
assinalou que embora "alguns acreditem que somos como marido e mulher;
somos mais como irmão e irmã".
"Cada
dia, quando acordo, tenho a certeza de que minha força está aí, Eliana. E é
recíproco. Eu confio nela e ela confia em mim", disse.
Dificilmente
Paulo e Eliana podem sair do hospital, pelo risco de que sofram alguma infecção
no exterior, por isso cada viagem é para Paulo memorável.
Segundo
seus cálculos, esteve fora do centro médico ao redor de 50 vezes em sua vida.
"Há
algumas (viagens) que se destacam, como ver a praia pela primeira vez quando
tinha 32 anos. Abri a porta do automóvel e vi o mar e pensei: o que é isto!",
recordou.
Recentemente,
em maio de 2013, Paulo conseguiu arrecadar 65 mil dólares, através de uma
campanha na internet, com o objetivo de produzir uma série animada em 3D,
titulada "As aventuras de Leca e seus amigos", baseada em um livro
escrito por Eliana.
Nesta
produção, que animará com a técnica stop-motion, Paulo procura contar sua vida
com Eliana, conhecida também como "Leca", e seus amigos.
Paulo
quis fazer a série "atrativa, não só colorida, mas também cheia de
travessuras para que as crianças gostem".
"Acho
que os meus personagens são realistas, porque vêm de alguém que está
deficiente. Sei as dificuldades que enfrentam", assegurou.
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