quarta-feira, 23 de maio de 2012

PT cria núcleo para melhorar relação com religiosos EM FUNÇÃO das próximas eleições.


 “Não adianta trabalhar só nos sindicatos e nas ruas. Tem que fazer a discussão nos locais onde as pessoas têm envolvimento diário, e as igrejas e templo são ideais para isso”, discursou o coordenador do setorial inter-religioso estadual, Marcos Cordeiro, que diz articular há 20 anos a criação do núcleo. “Os centros religiosos são já células prontas, minicomitês, que a gente tem que politizar”, afirmou.
Sentada em círculo, a plateia, de 13 líderes religiosos filiados do PT concordou. “O Serra conseguiu apoio de setores católicos conservadores, como a Opus Dei e a TFP [Tradição, Família e Propriedade]. Precisamos identificar quem são as lideranças que defendem a justiça social e buscar o apoio delas”, defendeu um pré-candidato a vereador e líder espírita da região sul da cidade.
O ex-governador José Serra, pré-candidato do PSDB à prefeitura, foi bastante criticado por, segundo os petistas, tentar reeditar na eleição municipal a “tática reacionária” de instigar o voto religioso contra o PT – em 2010, setores evangélicos conservadores pregaram o voto contra a presidente Dilma Rousseff (PT) com a alegação de que ela iria liberar o aborto e fechar igrejas.
Serra tenta fazer o mesmo nesta eleição com Haddad, avaliaram os petistas na reunião. O candidato é criticado principalmente por evangélicos por causa de um projeto de combate à homofobia feito na época em que foi ministro da Educação. O “kit gay” foi atacado pela bancada evangélica, que obstruiu votações no Congresso e ameaçou convocar ministros para falar de irregularidades. Acuado, o governo desistiu da proposta.
“Nosso medo era que chegasse às crianças, aos jovens, mas isso não ocorreu. O Haddad já explicou que o material ainda não tinha passado por seu gabinete, que ainda haveriam mudanças”, defendeu o pastor Luciano, líder de uma igreja evangélica que não quis se identificar. “Teve erro, mas foi sanado, não tem porque falar disso na campanha”, disse.
Líder do PT na Câmara Municipal, o vereador Chico Macena afirmou ontem que tem acompanhado as críticas religiosas, mas que não preocupam. “É algo que pode crescer, mas que por enquanto está muito localizado em setores ligados à Record [e a Igreja Universal do Reino de Deus, proprietária da emissora], e a militância do PSDB”, analisou.
Macena disse que o partido realmente irá procurar líderes religiosos, mas sem querer discutir crenças. “Em todas as campanhas montamos um comitê religioso, mas para debater com eles os problemas e soluções da cidade”, afirmou
Na reunião do núcleo inter-religiosos, as lideranças decidiram realizar um ato com pastores evangélicos no dia 9 de junho para apoiar o candidato. “O intuito do kit era muito bom, de não ter preconceito nem segregação. A função do setorial será explicar isso para as igrejas evangélicas”, explicou Marcos Cordeiro.
Escolhido coordenador do setorial no município, o evangélico Jucelino Brandão, da Igreja Missão Rede, pediu agilidade dos integrantes do núcleo na elaboração propostas para o programa de governo do PT.
Para Cordeiro, o PT deve retomar as origens nas comunidades eclesiais de base da Igreja Católica. “Temos que politizar os centros religiosos. O [Leonel] Brizola fez isso no seu primeiro mandato no governo do Rio de Janeiro [1983 a 1986] com os CIEPs [Centros Integrados de Educação Pública], que hoje o país inteiro copia. O PT, infelizmente, erra ao não reconhecer a inspiração dos CEUs”, discursou, em referência ao Centro Educacional Unificado, vitrine da gestão petista na Prefeitura de São Paulo.
Fonte: Blog do Carmadélio

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