Quem não
se rejubila ao ver, nas solenidades litúrgicas, elevarem-se dos turíbulos
aquelas ondas que impregnam de suave perfume todo o recinto sagrado? Perfeita imagem da oração que sobe como
oblação de agradável odor até o trono de Deus, nas Sagradas Escrituras
incenso e prece são apresentados como termos reversíveis um no outro: “Suba
direita a minha oração como incenso na tua presença” (Sl 140, 2).
Na mesma linha, lê-se no livro do Apocalipse: “Depois veio outro anjo e parou diante do altar, tendo um turíbulo de ouro. Foram-lhe dados muitos perfumes, a fim de que oferecesse as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono de Deus” (8, 3-4).
Na mesma linha, lê-se no livro do Apocalipse: “Depois veio outro anjo e parou diante do altar, tendo um turíbulo de ouro. Foram-lhe dados muitos perfumes, a fim de que oferecesse as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono de Deus” (8, 3-4).
Uma história de mais de três mil anos
A
utilização dessa essência no culto divino provém de uma prescrição feita pelo
Senhor a Moisés, na mesma ocasião em que Este lhe entregou, no Monte Sinai, as
Tábuas da Lei. O próprio Deus lhe ditou como deveria ser feito:
Os três Reis Magos ofereceram
ao
Menino-Deus ouro, incenso e mirra. |
“Toma
aromas: estoraque, ônix, gálbano de bom cheiro, incenso lucidíssimo, tudo em
peso igual. Farás um perfume composto segundo a arte de perfumador, manipulado
com cuidado, puro e digníssimo de ser oferecido. E, quando tiveres reduzido
tudo a um pó finíssimo, pô-lo-ás diante do tabernáculo do testemunho, no lugar
em que eu te aparecer. Este perfume será para vós uma coisa santíssima” (Ex 30,
34-36).
Deus não
deixa a menor dúvida de que essa essência odorífera deveria ser usada
exclusivamente para o esplendor do culto divino: “Todo homem que fizer uma
composição semelhante para gozar de seu cheiro, perecerá no meio do seu povo”
(Ex 30,38).
Assim,
obedecendo ao que Deus determinou a Moisés, o povo eleito queimou durante
vários séculos, pela manhã e pela tarde, em homenagem ao Senhor um incenso de
suave fragrância.
No Novo
Testamento, ele surge já nos primeiros dias do Menino Jesus. Entrando os Reis
Magos na casa onde estava Ele com sua Mãe, prostraram-se e O adoraram, em
seguida abriram seus tesouros e lhe ofereceram ouro, incenso e mirra. “O
incenso era para Deus, a mirra para o Homem e o ouro para o Rei”, diz São Leão
Magno (Sermão n. 31). Portanto, dos três dons oferecidos, o de maior valor
simbólico era o incenso.
A serviço do esplendor da Liturgia
A serviço do esplendor da Liturgia
Devido ao
fato de os povos pagãos costumarem queimar todo tipo de perfumes em seus cultos
idolátricos, por cautela a Igreja demorou certo tempo em admitir seu uso nas
cerimônias litúrgicas.
Logo,
porém, que a Liturgia começou a se desenvolver, ele fez seu aparecimento.
Assim, nas primeiras décadas do quarto século, o Imperador Constantino ofereceu
à Basílica de Latrão dois incensórios, feitos de ouro puro, os quais
provavelmente permaneciam fixos em seus lugares e eram usados para perfumar o
lugar santo.
O Papa
Sérgio I (687-701) mandou dependurar na igreja um grande incensador de ouro
para que, “durante as Missas solenes, o incenso e o odor de suavidade se
elevassem mais abundantemente para o Deus Onipotente”.
Surgiu
depois o turíbulo, mas, de início, sua utilização consistia apenas em ser
levado pelo subdiácono à frente do cortejo litúrgico, perfumando o percurso do
celebrante na entrada e na saída da Missa, e na procissão do Evangelho.
No correr
do tempo, com o aperfeiçoamento das celebrações, instituiu-se a incensação no
momento do Evangelho, depois no Ofertório e, por fim, no séc. XIII, na elevação
da hóstia e do cálice.
Atualmente
a incensação durante a Missa é facultativa, podendo ser feita durante a
procissão de entrada, no início da Celebração, na proclamação do Evangelho, no
Ofertório, e na elevação da hóstia e do cálice após a Consagração (cf. IGrMR,
235).
Efeitos e finalidades
O celebrante
põe incenso no turíbulo e o benze com o sinal-da-cruz. Essa bênção faz dele um
sacramental, isto é, um “sinal sagrado” mediante o qual, imitando de certo modo
os sacramentos, “são significados principalmente efeitos espirituais que se
alcançam por súplica da Igreja” (CIC nº 1166).
Um desses
efeitos pode ser verificado no motivo da incensação do altar e das oferendas,
na Missa. Incensa-se o altar para purificá-lo de qualquer ação diabólica, e as
oferendas para torná-las dignas de serem usadas no Mistério Eucarístico.
O incenso
é primordialmente um ato de homenagem a Deus, a Nosso Senhor Jesus Cristo, bem
como aos homens e objetos consagrados ao culto divino.
Segundo
São Tomás de Aquino, a incensação tem duas finalidades. A primeira é fomentar o
respeito ao sacramento da Eucaristia, já que ela serve para eliminar, com um
perfume agradável, os maus odores que poderiam existir no lugar. A segunda,
representar a graça, da qual, como um bom aroma, Cristo estava cheio.
Por fim,
o carvão aceso no turíbulo e o perfume que se evola servem também para nos
advertir que, se queremos ver nossas orações subirem assim até o trono de Deus,
devemos nos esforçar para ter o coração ardente com o fogo da caridade e da
devoção.
Por Irmã
Angelis Ferreira, EP.
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