A cristãofobia é um dos
fenômenos mais perturbadores dos nossos tempos. Bento XVI denunciou muitas
vezes a perseguição e o assédio contra cristãos em todo o mundo. A denúncia das
hostilidade contra os cristãos ganha peso especial quando o papa se dirige ao
corpo diplomático creditado junto à Santa Sé.
Em 9 de janeiro,
falando a diplomatas, o Santo Padre reclamou que os cristãos vêem negados seus
direitos fundamentais em muitos países, além de serem postos à margem da vida
pública. Outros sofrem ataques violentos contra suas igrejas e casas.
Infelizmente, a queixa de Bento XVI
também afeta a Europa, onde a cristãofobia não tem formas de perseguição
física, mas existe de modo mais sutil. Por este motivo, na mensagem para o Dia
Mundial da Paz de 2011, o papa falou dos países de tradição cristã: “Desejo
expressar a minha esperança de que, no Ocidente, especialmente na Europa,
cessem as hostilidades e os preconceitos contra os cristãos por pretenderem
guiar as suas vidas de maneira consistente, conforme os valores e os princípios
expressos no Evangelho”.
Um exemplo concreto de preconceitos contra os cristãos e de sutil de perseguição na Europa é o caso da TV Trwam, a única emissora de televisão católica da Polônia. No ano passado, o Conselho Nacional de Rádio e Televisão polonês, expressão das forças políticas que governam hoje a Polônia, excluiu a Trwam da plataforma nacional de TV digital, que, a partir de 2013, garantirá aos poloneses o acesso gratuito a uma série de emissoras.
Foi uma decisão
grave, que tem como objetivo minimizar a presença da Igreja católica nos
espaços públicos, motivada principalmente pelos preconceitos anti-católicos e
por fortes interesses ideológicos, disfarçados com a frágil desculpa da
instabilidade financeira da televisão católica. Esta decisão preocupa tanto o clero
quanto os fiéis leigos, até porque esta política se parece bastante com a dos
velhos métodos comunistas.
Dom Jozef Michalik, presidente da
Conferência Episcopal da Polônia, tem falado abertamente sobre o “apagamento do
pluralismo da mídia”, e dom Wiesław Mering, chefe do Conselho de Cultura e
Proteção do Patrimônio Cultural no Episcopado, advertiu: “Não se pode
ignorar a parte católica da sociedade, que é a parte majoritária!”.
O padre Tadeusz Rydzyk, CSsR, diretor da
Rádio Maria no país, comentou a decisão do Conselho: “O ministro do culto, no
velho governo comunista polonês, dizia: ‘não permitiremos que a Igreja saia das
sacristias’. Aquele ministro cuidava do culto não para ajudar os crentes, mas
para criar obstáculos. Nos tempos comunistas, qualquer método era bom para
limitar a influência da Igreja na sociedade, particularmente nos jovens. Hoje
os riscos são os mesmos”.
A sociedade civil
também se mobilizou, em abaixo-assinado defendendo a presença da televisão
católica na plataforma digital. O número de assinaturas já ultrapassou dois
milhões. O caso atraiu a atenção até mesmo da Fundação dos Direitos Humanos de
Helsinque.
Para apoiar a TV Trwam e os direitos ao
pluralismo e à real democracia, uma grande manifestação aconteceu no último
sábado, 21 de abril, no centro de Varsóvia. O encontro começou com a missa
celebrada na praça central das Três Cruzes, por dom Antoni Dydycz, da diocese
de Drohiczyn. O bispo lembrou que, de acordo com os ensinamentos do Concílio
Vaticano II, os meios de comunicação “devem transmitir a verdade, porque a
Igreja nos chama à verdade”.
“Infelizmente, não podemos dizer isto da
maioria dos meios de comunicação na Polônia”, completou Dydycz, recordando
também que os documentos conciliares falam claramente dos “deveres que cabem às
autoridades civis nesta área, tendo em vista o bem comum: os deveres de
defender e proteger a verdadeira e justa liberdade de informação”.
Infelizmente, as decisões do comitê
contradizem esses deveres das autoridades. O bispo agradeceu a todos os fiéis
que se reuniram em Varsóvia para defender e rezar pela liberdade de expressão.
“Este é um sinal de maturidade do povo, que, escrevendo as petições, se mostra
consciente de qual deve ser o papel dos meios de comunicação modernos. Não
podemos permitir que a mídia promova apenas atitudes egoístas, consumistas,
hedonistas e anti-sociais”, acrescentou Dydycz.
Depois da missa, os manifestantes
chegaram à sede do parlamento, onde discursou Jarosław Kaczyński, irmão do
presidente polonês que morreu tragicamente no acidente aéreo de Smolensk e
líder do partido de oposição Lei e Justiça, que denunciou as tentativas “de reduzir os católicos ao silêncio,
colocando-os à margem da sociedade, tornando-os cidadãos de segunda classe.”
“As pessoas tiveram
que voltar a tomar as ruas para defender a Polônia independente, democrática,
justa e orgulhosa de si mesma. É por isso que hoje nós marcharemos de cabeça
erguida. Quem deve ter vergonha são todos aqueles que querem atingir a Igreja
polonesa, o Solidarnosc e a dignidade da nação”, destacou o político.
Na manifestação em Varsóvia participaram
cerca de 100.000 pessoas. Surge então a questão: por que os meios de
comunicação mundiais têm ignorado uma manifestação desse porte em uma das
capitais da Europa? A defesa do pluralismo da mídia e do papel da mídia
católica não interessa ao mundo civil?
Fonte:
Blog do Carmadélio
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