Os bispos
do Brasil aprovaram uma mensagem sobre a celebração do 50º aniversário do
Concílio Ecumênico Vaticano II. De acordo com a mensagem, A celebração do 50º
aniversário do Concílio Ecumênico Vaticano II e a volta aos seus documentos
“nos levem ao discernimento sobre o que o Espírito Santo continua a dizer à
Igreja e à humanidade nas circunstâncias atuais, como observou o Papa Bento
XVI, logo após sua eleição como Sucessor de Pedro: “com o passar dos anos, os
textos conciliares não perderam sua atualidade; ao contrário, seus ensinamentos
revelam-se particularmente pertinentes em relação às novas situações da Igreja
e da atual sociedade globalizada” (Discurso aos cardeais eleitores,
20/04/2005)”.
Leia a
íntegra da nota dos bispos do Brasil sobre a celebração do aniversário do
Concílio Vaticano II:
Mensagem dos Bispos do Brasil sobre a celebração do 50º aniversário do
Concílio Ecumênico Vaticano II
Ao clero,
consagrados e consagradas na Vida Religiosa e em outras formas de consagração a
Deus, ao querido povo de Deus em nossas Dioceses:
No dia 11
de outubro deste ano, o Papa Bento XVI presidirá, em Roma, à solene abertura do
Ano da Fé, para comemorar o 50º aniversário do Concílio Ecumênico Vaticano II e
o 20º aniversário do Catecismo da Igreja Católica. Celebrações tão significativas
são motivo de grande alegria para a Igreja e convite para voltarmos nosso olhar
para o imenso dom deste Concílio, no qual participaram os Bispos do mundo
inteiro, convocados e presididos pelo Sucessor de Pedro. Mas é também ocasião
para uma avaliação a respeito da aplicação das decisões conciliares e do
caminho que resta ainda a ser percorrido nessa direção.
O Papa
João XXIII, explicou que convocava o Concílio para “o crescimento da fé
católica, a saudável renovação dos costumes no povo cristão e a melhor
adaptação da disciplina da Igreja às necessidades de nosso tempo. [...] Sem
dúvida constituirá maravilhoso espetáculo de verdade, unidade e caridade que,
ao ser contemplado pelos que vivem separados desta Sé Apostólica, os convidará,
como esperamos, a buscar e conseguir a unidade pela qual Cristo dirigiu ao Pai
do Céu a sua fervorosa oração” (Encíclica Ad Petri Cathedram, 33). Assim, o
Concílio Ecumênico poderia “restituir ao rosto da Igreja de Cristo o esplendor
dos traços mais simples e mais puros de suas origens” (Homilia a um grupo
bizantino-eslavo, 13/11/1963). O Beato João XXIII e o Venerável Paulo VI
consideraram o Concílio, suscitado pelo Espírito Santo, um novo Pentecostes,
uma verdadeira primavera para a Igreja.
Ao longo
das quatro sessões conciliares, que contaram com a presença de presbíteros,
consagrados e consagradas, de cristãos leigos e leigas e de representantes de
outras Igrejas cristãs, a Igreja de nosso tempo pôde testemunhar como age o
Espírito Santo no mundo, na História e no coração dos fiéis. Os dezesseis
Documentos foram preparados por especialistas, debatidos e enriquecidos pelos
Padres Conciliares e, uma vez aprovados pelos Bispos, foram apresentados ao
Papa Paulo VI, que os promulgou com a bela fórmula: “nós, juntamente com os
veneráveis Padres e o Espírito Santo, os aprovamos, decretamos e estatuímos”.
Testemunhou-se assim, em pleno século XX, a experiência da Assembleia
Apostólica de Jerusalém, no final da qual os Apóstolos divulgaram suas
conclusões com esta declaração: “Decidimos, o Espírito Santo e nós...” (At
15,28).
A Igreja
no Brasil, com o seu Plano de Pastoral de Conjunto (1966-1970), aprovado pela
CNBB nos últimos dias do Concílio, acolheu com entusiasmo as decisões
conciliares. Com as outras Igrejas Particulares da América-Latina e do Caribe,
abriu caminhos para uma recepção fiel e criativa do Concílio, nas Conferências
Continentais do Episcopado: Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida.
Os frutos
desse Concílio manifestam-se nos mais diversos âmbitos da vida eclesial: na
compreensão da Igreja como povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito
Santo; na abertura aos desafios do mundo atual, partilhando suas alegrias,
tristezas e esperanças; na colegialidade dos Bispos; na renovação da liturgia;
no conhecimento e na acolhida da Palavra de Deus; no dinamismo missionário e
ministerial das comunidades; no diálogo ecumênico e inter-religioso...
A
celebração do 50º aniversário do Concílio Ecumênico Vaticano II e a volta aos
seus documentos nos levem ao discernimento sobre o que o Espírito Santo
continua a dizer à Igreja e à humanidade nas circunstâncias atuais, como
observou o Papa Bento XVI, logo após sua eleição como Sucessor de Pedro: “com o
passar dos anos, os textos conciliares não perderam sua atualidade; ao
contrário, seus ensinamentos revelam-se particularmente pertinentes em relação
às novas situações da Igreja e da atual sociedade globalizada” (Discurso aos
cardeais eleitores, 20/04/2005).
Destacando
a necessidade de ler, conhecer e assimilar os Documentos do Concílio, como
textos qualificados e normativos do Magistério, no âmbito da Tradição da
Igreja, o Papa cita o Beato João Paulo II: no Concílio, “encontra-se uma
bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa” (Novo
millennio ineunte, 57). E continua: “Se o lermos e recebermos, guiados por uma
justa hermenêutica, o Concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande
força para a necessária renovação da Igreja” (Porta Fidei, 5).
A CNBB
promove a comemoração do cinquentenário do Concílio ao longo de quatro anos.
Cada Diocese saberá descobrir modos de celebrar este aniversário, unindo-se às
iniciativas que se multiplicarão pelas Igrejas Particulares do mundo inteiro.
Essas celebrações serão tanto mais proveitosas, e seus frutos duradouros, se
forem orientadas pelas grandes indicações do Ano da Fé: a busca de uma
autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo, e a
convicção de que “o amor de Cristo nos impele” a uma nova evangelização (cf.
2Cor 5, 14). Incentivamos, de modo especial, nossos centros de estudos,
seminários e organizações eclesiais a aprofundarem, com renovado ânimo, o
estudo dos Documentos do Concílio, como importante parte da formação teológica
e pastoral.
Fazendo
um forte convite a redescobrir a riqueza do Concílio Vaticano II e a avaliar
seus frutos ao longo desses 50 anos pós-conciliares, a CNBB oferece algumas
sugestões específicas para tal celebração, que podem ser encontradas no site da
CNBB (www.cnbb.org.br).
Nesta
promissora tarefa, acompanhe-nos, com sua intercessão, aquela que é a “Mãe do
Filho de Deus e, por isso, filha predileta do Pai e templo do Espírito Santo”
(Concílio Vaticano II, Lumen Gentium, 53), invocada por nós com o título de
Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Fonte:
CNBB
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