Jornal
O Povo
Há
pouco mais de três anos, a estátua de 11 metros era inaugurada para completar,
junto ao Altar do Milênio e à igreja, o complexo de Santa Edwiges, na avenida
Presidente Castelo Branco (Leste-Oeste). Agora, a imagem passa pela segunda
tentativa de remoção, segundo o padre Manoel Ferreira. “Eles dizem que um
monumento só pode ser feito para pessoas que foram símbolos para a cidade, e
não para santos”, lamenta.
O
projeto da construção foi elaborado pelo então vereador Willame Correia e
executado pela Prefeitura. “Eu não mandei fazer essa estátua, se quiserem
tirar, eles têm que falar com a Prefeitura”, alega o padre. Conforme Jorge Luiz
Queiroz, superintendente da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), o terreno
em que a estátua foi erguida não é de propriedade da paróquia.
A imagem foi construída através de um decreto municipal, mas sem a autorização da União, segundo Jorge Luiz. Por estar em área de uso comum, uma construção não pode atrapalhar o acesso da população à orla. No caso da estátua, não há esse impedimento, mas o fato de ser um símbolo religioso é um agravante à situação e contribui para a sua retirada, de acordo com ele. “A área não foi cedida para a utilização da Prefeitura”, explica.
De
acordo com o Ministério Público Federal (MPF), há um procedimento
administrativo instaurado a partir de uma representação da sociedade. A ação
está na fase inicial de análise, à espera de um parecer da Consultoria Jurídica
da União. No dia 23, foi realizada a primeira reunião sobre o assunto entre o
padre Ferreira e representantes do MPF e da Advocacia Geral da União (AGU).
“Ela
está fazendo mal a quê?”, questiona Irene Costa, que frequenta a paróquia. Para
ela, a estátua é um ícone da igreja e da cidade. A população, na opinião do
padre Ferreira, não vai apoiar a retirada da imagem.
A
igreja de Santa Edwiges também foi erguida em terreno da União, mas a área foi
cedida e, conforme o padre, não há possibilidade de que seja retirada. “Se
tirarem a imagem, vão ter de tirar todas as outras da cidade. Se pode o laico,
por que não pode o santo?”, argumenta o padre.
ENTENDA
A NOTÍCIA
Será
elaborado um estudo para avaliar a regularidade sobre a utilização da área, que
é de propriedade da União. Caso a análise da AGU encontre irregularidades, a
Prefeitura será notificada e a retirada será solicitada.
Saiba mais
No
domingo 1º
de outubro de 1995, foi celebrada a primeira missa da igreja de Santa Edwiges.
A imagem de 11 metros foi inaugurada em 2008.
Santa
Edwiges nasceu
em 1174 na Alemanha e morreu no dia 15 de outubro de 1243. Católicos celebram o
dia da santa em 16 de outubro. Canonizada pela Igreja Católica em 26 de março
de 1267, Santa Edwiges é considerada a Padroeira dos pobres e endividados e
protetora das famílias.
Uma
linha
imaginária foi traçada na costa brasileira com base na média de marés altas e
baixas. A faixa de terra de 33 metros a partir da linha no sentido do litoral é
considerada terreno da União.
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